ENTRE RISCOS E PALAVRAS
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “O Voo da Magnólia”. Original de minha autoria (91x115, em papel de algodão Hahnemuehle, 2021). Dezembro de 2022.

“O Voo da Magnólia”. JAS. 2021.
POEMA – “ENTRE RISCOS E PALAVRAS”
MOVIDO Pela musa fugidia, Riscos e cor Saem Das mãos Do pintor Voando para o Poema Onde o verso E a estrofe São a sua melodia. SÃO ENCONTROS Em ruas E praças Lá no alto Da emoção, São cores E traços De união, São abraços E são rostos Esboçados, É sentir Muito lá fundo Em poemas Figurados. CRESCEM JUNTOS Os riscos E as palavras Enlaçados Em fugaz Sinestesia, Lançados Às nuvens No céu Do desejo, Em voo De fantasia. RISCOS Sobre cores, Palavras Com sabores, Melodia Com a alma Desenhada, Amores Caídos No poço fundo Do nada. MAS VOAM, Oh, se voam, No espaço Onde o verso Pousa Em equilíbrio Precário Sobre um ténue Risco Preso ao azul Que se esfuma, Lento, Por entre Seus dedos Famintos... ........... Como se fosse Espuma. PERDEM-SE No real, Mas encontram-se Nas nuvens, No espaço Sideral. E ELA, A musa fugidia, Belíssima, É rápida A saltar Para cima De um risco E nele voar Colada ao azul, Com o poeta Cá em baixo A murmurar: - "Deus meu, Como se pode Não amar!" ELA RESPIRA Nas nuvens, Em raios De luz Enlaçada, Voando No horizonte À procura... ........ De nada. E LÁ REGRESSA, Uma vez mais, Dorida, Em eterno retorno, Ao cais, O seu ponto De partida. SÃO ETÉREOS Os encontros Que acontecem No céu Da inspiração E o poeta Desenha Com palavras Coloridas O que sobrou Do que lá Aconteceu... ....... Em vão. AH, SE ELE A encontrasse No tempo certo Fora do poema, A tiritar De emoção, Não haveria Cor, Não haveria Riscos, Nem dor, Nem chão Que alimentasse As palavras Com que o poeta Corre Atrás do infinito Onde nunca Há-de chegar, A não ser Com as linhas Em fuga Que lhe saem Da alma E do olhar...