O ECO
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “A Montanha”. Original de minha autoria. Dezembro de 2022.

“A Montanha”. JAS. 12-2022
POEMA – “O ECO”
QUE ESTRANHO, Este sonho, Ver-te só, Perdida Na vastidão Da montanha, A vaguear, Perfil de mulher Que tenteia À procura do eco Libertador Que tarda sempre A chegar. PROCURAS, Ó deusa Dos meus sonhos Revelados, A melodia Lá no alto Como eco Ou como brisa Que te há-de Inspirar, A que um dia Se cobriu de De uma espessa Neblina Sem farol Pra na arte Navegar? EU SEI Que te procuras Do lado de lá Da rotina Que nunca Te abandona E te oprime Como fado Ou como sina. ÉS IMAGEM Da beleza Que sofre Dentro de si A mais funda Solidão Lá no alto Do desejo, Com vida Em gestação. É PURO SONHO, Bem sei, Mas os sonhos Anunciam Fantasia, A que sempre Procuramos Nos lugares Que visitamos Pra que ela Nos seduza Com a sua Melodia. E O MUNDO Vem logo atrás E entra Pela porta Ou mesmo pela Janela Para pintarmos A vida Como se a vida Fosse Uma bela Aguarela. NESSE DIA Subiste À montanha, Sozinha, Com a criança No ventre A clamar Para o vale Que o mundo Ia chegar Com a forma De um eco E com intenso Vibrar... E CHEGOU Como eco Do desejo Ou do sonho Que inventaste Para quebrar A rotina E pintar A tua alma Numa tela Que encontraste Perdida Na neblina. ELE CHEGA SEMPRE, O mundo, Não sabemos É como chega, Se é tela Ou papel, Se é pauta Ou é pedra Onde esculpir O desejo Com aquilo Que nos sobra Do que perdemos Um dia, Do que fomos Ou até do que Seremos Nos voos Da fantasia.