SINFONIA
Poema de João de Almeida Santos Ilustração: “Rapsódia”. Original de minha autoria. 25 de Dezembro de 2022.

“Rapsódia”. JAS. 12-2022
POEMA – “SINFONIA”
ENCONTREI-AS, As palavras, Dispersas No meu jardim Sob frondoso Arbusto Num dia quente De verão. Aguardavam Que chegasse Pra insólita Missão. EU NADA SABIA Delas, Nesse lugar Encantado Onde o sol chega Intenso, Mas por ramagem Coado. FORAM TAMBÉM As palavras Lapidadas Pelo tempo Que passa Na folhagem Do arbusto? A FOLHAGEM É como o tempo, Coa a força Do sol Quando ele é Mais queimante, Quando o verão Aperta mais, Quando a terra Nos oferece Os seus frutos E o mais. O QUE ELAS Mais queriam Era asas De fantasia Pra serem Lançadas Ao vento, Mensageiras Devotadas, A liturgia Do tempo. QUANDO CHEGUEI Estavam Em sobressalto, A vaguear Por ali, A trepar nas Cameleiras, Nas hortênsias, No jasmim, Nas magnólias E roseiras, Esse outro lado De mim. AGUARDAVAM O maestro Para uma prova De orquestra Com ritmo Bem entoado Ao sabor Desses aromas Do meu jardim Encantado. FEZ-SE SILÊNCIO, Então, Eu levantei A batuta De maestro Inspirado E logo o poema Nasceu, Sinfonia De palavras, Nesse templo Consagrado. VIERAM Mil borboletas Pintadas De vivas cores A ouvir A melodia, A toada dos Meus versos, Uma bela Sinfonia. E, HOJE, No inverno Deste dia, E nos deuses Inspirado, Aqui as lanço Ao vento Para cumprir Seu desejo E para cumprir O meu fado. AH, SE NÃO HOUVESSE Palavras, Que destino O meu seria, Como recriar O passado, Esse tempo Em que sentia As dores frias Do pecado? FELIZMENTE HAVIA Riscos, Havia cores E melodia, Havia Flores E aromas Pra pintar O que sentia No mais profundo De mim, Com arte, Com poesia, E tudo o mais Que havia Na magia Do Jardim.

“Rapsódia”. Detalhe