Pas de Deux
Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “O Coreógrafo”. Original, de
minha autoria, para este poema.
Setembro de 2018.

“O Coreógrafo”. Jas. 10-2018
POEMA – “Pas de Deux”
SOU COREÓGRAFO
Da minha alma,
Desenho-me
No espaço,
Embalado
Pela suave
Melodia do teu
Silêncio...
IMAGINO-ME,
Às vezes,
Num "pas de deux”
Contigo
Num palco
Em noite
De luar
Ali, na praia
Da meia-lua,
A dançar
O murmúrio
Desse mar
Com que te
Pintas
E ouves
Dentro de ti!
DANÇO
Com palavras,
Suspenso no ar
Pelos fios
Dos poemas
Com que
Teimosamente
Ilumino
Os caminhos
Por onde nunca
Ousas passar...
O SILÊNCIO É A TUA
Sinfonia,
O teu canto
De sereia,
A melodia
Que ressoa
Nesse mar
De linóleo
Onde me desenho
No suave
Bailado,
A solo,
De uma infinita
Despedida...
GOSTO DESTA
DANÇA
Espectral,
Contraponto
Dos sinais
Invisíveis
Com que pontuas
A tua assinalada
Ausência.
E CANTO-TE, SIM,
Mas, neste meu
Cantar,
Eu conto-me
Como espelho
Onde podes
Rever
O passado
Desse futuro
Que nunca
Existirá.
AGORA, SOZINHO,
No linóleo,
Ao pé da praia
Da meia-lua,
Acendo um sol
Com minhas mãos
E procuro
O que nunca
Encontrarei...
...............
A não ser
Sombras
De mim próprio
Gravadas
Na areia
Da baixa-mar.
POR ISSO, DANÇO,
Canto e
Pinto
Em contraponto,
Livremente,
Com a melodia
Interior
Que toma
Conta
De mim
Sempre que um véu
Protector
Desce sobre
O meu rosto
Para apenas
Pressentir a tua
Silhueta,
Quando
Atravessas,
Atarefada,
A rotina
Dos teus dias.
ESTE,
O que te celebra
Em arte,
Já não sou eu,
Mas o coreógrafo
Da (minha)
Melancolia!