NEBLINA
Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Deusa”. Original de minha autoria
para este poema. Outubro de 2018.

“Deusa”. Jas. 10-2018
POEMA – “NEBLINA”
CRUZO-ME CONTIGO
Nas frias ruas do
Desencontro...
E não te vejo!
CAIU NEBLINA
Sobre nós...
............
Um fino véu
Translúcido
Desce
Sobre o meu
Rosto
Quando te
Pressinto!
ESVAI-SE
A nitidez
E regresso
À memória
Onde ficou
Gravada
A ideia
De ti,
O retrato
Imaterial
Que desenhei
Na fina tela do meu
Imaginário,
As cores intensas
Que te iluminam
E quase me
Cegam....
................
Por dentro.
CRESCES
Em mim,
Mas diluis-te
Por fora
Como espectro
Que se esgueira
Na fria bruma
De um entardecer,
Sem deixar rasto.
DA TUA IMAGEM
Física
Restam-me
Ténues riscos
De um rosto
Em aguarela
Inacabada
Que desmaia
No tempo
Que passa,
Veloz.
POR FORA,
O azul é cinzento,
O sol é sombra
E a luz já nem
Atrai
As borboletas
que lhe voam longe.
O som emudece e
O tempo pára.
A vida já só
É passado.
Arrefeceu.
Petrificou!
MAS HÁ UM
Contraponto
Luminoso!
Lava ao rubro,
Quente,
Jorra em mim
E inunda-me
A imaginação.
O sol
Acende a tua
Imagem irreal...
................
E então ganhas
Perfeita
Nitidez,
Cor exuberante,
A forma
De uma deusa
Luminosa.
Até o silêncio
Fala
E nele
Ouço, por dentro,
A tua
Encantatória
Melodia.
REACENDE-SE
Vida
Na minha
Imaginação
E eu recrio-te
Para voar,
Em fuga,
No teu azul
Até ao infinito...
.....................
E não mais
Voltar
Às frias ruas do
Desencontro.