NEBLINA…
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “S/Título”. Original de minha autoria para este poema. Julho de 2019.

“S/Título”. Jas. 07-2019
POEMA – “NEBLINA”
OUÇO O SILÊNCIO
Que me cerca
O corpo
E a alma...
ADENTRO-ME
Na multidão
Rumorosa
E ele cresce
Sobre mim,
Ensurdece-me
Por dentro!
MAS É DEMAIS,
Caustica-me
A pele
Macia das
Recordações,
Faz-me
Zumbidos
Na alma,
Assobia
Como silvo
Do vento
Nas janelas
Da emoção,
Escuro
Em dias
De tempestade.
OUÇO
A palavra
Silêncio
Tonitruante
Dentro de mim...
HÁ TROVÕES
Silenciosos
Que me assaltam
E fujo
Para o ermo,
Lá em cima,
Solidão de
Eremita
Procurando
O silêncio
Que cobre
O nome
(Tão simples)
Que nunca
Ousaste
Pronunciar...
E O SILÊNCIO
Torna-se
Melodia,
Ouço uma harpa
Dedilhada
Por ti,
Notas musicais
Esvoaçando
No teu azul
De catedral.
VEJO-TE SAIR
Da densa neblina
Que te veste
E cubro-me de
Palavras
À procura
De autor
Que as componha
Num poema
Que te cante
E que te conte...
NOMEIO-TE
Em silêncio
E sussurro
Uma pequena
Palavra
Que nunca ousei
Dizer-te
Mas que ouviste
Ressoar-te
Na alma
Mil vezes!
O SILÊNCIO
Tomou conta de nós
E eu não sairei
Deste poema
Até que me ouças
E soletres
Finalmente
O meu nome
Com as cores
Da tua fantasia.

“Sem/Título”. Detalhe.
Excelente imagem da vida interior.
“Eu não sairei deste poema”….
Simples e lindo.