ESCULPIR-TE…
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Bianco&Nero”. Original de minha autoria para este poema. Fevereiro de 2020.

Bianco&Nero. Jas. 02-2020
POEMA – “ESCULPIR-TE…”
ENTRE O BRANCO
E O NEGRO
Quis esculpir-te
A alma
Na flor que,
Num acaso,
Encontrei
Perdida
No jardim
Da minha vida...
ATRÁS DE TI,
Ou em fuga
(Já nem sei...),
Gastara
Todas as cores do
Arco-íris
Que tinha
Guardadas
Dentro de mim.
SOBRARA
Uma marmórea
Pedra negra,
Espelho oracular
Onde me via
Escuro na alma
Por falta
De cores
Exuberantes
Que me protegessem
Do frio glacial
Da tua ausência
Nas longas
Intermitências
E contrapontos
Da nossa melodia.
SOPREI FORTE
Com a alma
Desnuda
E a flor
Pousou suavemente
Na pedra
Lisa e brilhante
Da catedral
Onde te ia
Celebrar...
ESCULPI-TE
Como filigrana
De ouro preto
Sobre branco-pérola,
Aurífice da tua
Alma sedutora
No coração
Alvoraçado
Dessa flor
Onde guardei
O teu nome
Gravado em letras
Invisíveis.
CRIEI PARA TI
Alvas incrustações
Em filigrana
Como marcas
Indeléveis
Da arte
Que um dia
Me visitou
Para celebrar
A beleza
Do teu rosto.
E, AGORA,
A olhar para
O branco e o negro
Desse cântico
Desenhado
E esculpido
Ofereço-te
Este poema
Sobre pintura
Imaculada
Onde te celebro
Com beleza
Minimal,
Na cor
E na forma,
Sem fronteiras,
E onde
Te reinvento
Em fuga...
---------------
Um elegante
Fio branco
Que esvoaça,
Livre,
No marmóreo céu
Do teu altar.
A ÂNCORA,
A sul,
Desliza
Suavemente
Sobre ti
E dilui-se,
Como eu,
Na negra vastidão...
EVOCO-TE, ASSIM,
A branco e negro
Sobre a flor
Que um dia
Encontrei
Perdida
No meu jardim
Encantado
Quando visitava
O impossível...
.................
À tua procura...

Bianco&Nero. Detalhe.