À JANELA
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Outono”. Original de minha autoria para este poema. Dezembro de 2020.

“Outono”. Jas. 12-2020.
POEMA – “À JANELA”
COMO GOSTO De te ver, Tão singela, Daqui, Desta janela. DIZES, Com o olhar, “Olha, voltei!”. E eu pergunto: “É mesmo ela?” O MILAGRE Desta janela Repõe Em mim O que há muito Sobrou dela. SE A PERCO, Ela renasce E cresce, Mas logo Desaparece. É um sem fim, Lembra-se, Mas logo esquece. AH, FOI ARAGEM. Soprou tão forte Sobre o seu rosto Que lhe levou A doce voz Para o sol-posto. Perdeu o norte, Caiu silêncio, Foi sobre nós. MAS PORQUE ME DURA Este sofrer Se a encontro? É dor intensa Só de a ver, Mas não magoa E dá prazer. DA JANELA, Nesse seu jeito, Vejo-a singela, Com a ternura De quem ama E nem se cura Da chama Só de olhar E vê-la... ....... A ela. PORQUE NÃO FALAS E não me dás O teu “olá!” Mais uma vez? Vem por aqui, Passa por cá, Sem altivez, Pra te dizer O que já sabes Quando me vês... .............. E faz sofrer. “MAS EU NÃO POSSO”, Tu dizes sempre Com teu olhar: “Digo-te não. Mesmo que vá Não há perdão”. PORQUE T’ESCONDES Cada teu dia? Eu não te encontro, Perco alegria... ................. Depois regressas Pra eu te ver, Para que saiba (Tenho a certeza) Que não há modo De t’esquecer. VI-TE MIL VEZES E sempre te disse Com o olhar: “Quero-te, sim, Mesmo que fujas Quando apareces Não é de mim, Mas de um outro Que desconheces”. PORQUE TE PERDES No meu olhar, Sempre me foges, Olhas em frente Pra não me ver E assim recordas O que tu sentes Por te querer. AH, COMO GOSTO Desta janela... Se me debruço, De vez em quando, Olho pra ela, Fico feliz Por logo a ver Mesmo que saiba Que nesse instante A vou perder.

“Outono”. Detalhe.