A CARTA
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Melancolia”. Original de minha autoria. Janeiro de 2021.

“Melancolia”. Jas. 01-2021.
POEMA – “A CARTA”
DIZEM-ME Que vagueias Por aí, Incerta, À procura de ti, Sem saber Que te vais Perdendo Nas rotinas Inventadas Dos teus dias. SENSÍVEL À incerteza Do teu caminhar, Inundei-te Com rios De palavras Sedutoras, Setas falhadas Ao coração Do silêncio Que te cobre O rosto... ................. Para te resgatar. SEI QUE VIAJAS Cada vez mais Para dentro de ti, Aninhando-te Nessa melancolia Sem fundo Que sempre Me cativou. E DIZEM-ME Que quanto mais Te resguardas Na sombra De ti mesma Mais procuras Ver tudo Sem ser vista, Seguindo, Invisível, O meu rasto Desenhado Ao longe Na neblina Que se esfuma E dilui Lentamente No frio Horizonte Da Montanha Sagrada. E ATÉ O VENTO Que sopra Lá do alto Me segreda: “Curiosa de si, Abre De par em par As janelas Das tuas estrofes, Ar puro Que respira, Esse canto De sereia Que finge Não ouvir, Procurando Decifrar As tuas ondulações De alma No muro Das lamentações Poéticas”. EU SEI BEM Que te cobres Com o véu Escuro Do silêncio Para te resguardares Do olhar Indiscreto da vida Sobre ti. MAS A VIDA, Meu amor, É fugaz, O tempo passa E deixa marcas Indeléveis, Sulcos profundos Que só o futuro Desvelará Porque o passado Fica inscrito Num destino Que só conhecerás Ao virar Da esquina da Tua vida, Onde só o passado Brilhará Como futuro. AH, SIM, O reencontro Acontecerá Nesse momento, Quando eu Já só for Um sinal Impresso, A branco e negro, Uma vaga memória Escrita Perante teus olhos Húmidos De me terem Perdido Sem saber Porquê ............... Ou simplesmente Como inútil Expiação De um pecado Que nunca Aconteceu. ESTAREI LÁ, Sim, Nesse destino À tua espera Para te dar Conforto, Aninhado Nas palavras Que ainda Não sabes Declinar, As mesmas Em que vou Viajando, Invisível, Por dentro De ti À procura Da eternidade Possível, Tua e minha Salvação Da voragem Do tempo.

“Melancolia”. Detalhe.
Belíssimo.
Obrigado. Fico muito sensibilizado.
Obrigado.
Sem palavras!