A AGUARELA
Poema de João de Almeida Santos, inspirado no poema de Manuel Bandeira “Tema e Variações”. Ilustração: “O Retrato”. Original de minha autoria para este poema. Janeiro de 2021.

“O Retrato”. Jas. 01-2021.
POEMA – “A AGUARELA”
SONHASTE, MANEL, Que havias sonhado Estar à janela, Sonhando, a cores, Que estavas com ela. TAMBÉM EU SONHEI Que tinha sonhado E que no sonho A tinha encontrado, Passando por ela, Ali, lado a lado. MAS, QUANDO ACORDEI Do primeiro sonho, Sonhando, eu vi O seu rosto belo Numa aguarela Pintada a cores Que tinha guardado Para uma tela. SONHEI, OUTRA VEZ, No segundo sonho, Que era pintor, Mas que pintava Sempre o seu rosto A uma só cor. DIZIA, SONHANDO, Que não podia ser, Seu rosto expressivo Era arco-íris Ao amanhecer E era sorriso Para o mundo ver. MAS EU SÓ O VIA Com a minha cor, Esse rosto belo De seda tecido Que me seduzia No sonho sonhado Onde sempre a via, Ali, a meu lado. NÃO QUERIA ACORDAR Do sonho feliz E nele fiquei De olhos fechados. JÁ NÃO ACORDEI Do sonho sonhado Porque nessa cor Fiquei encerrado Com todo o meu ser... ................... Talvez por amor. NO SONHO OLHEI Para o meu espelho E logo eu vi Que essa minha cor Era o vermelho. E QUANDO ACORDEI Do primeiro sonho Voltei a sonhar Que desvanecia Nesse rosto amado E logo lhe disse, No segundo sonho, Que a tinha sonhado. DISSE-ME QUE NÃO, Que nunca me vira Sequer acordado... ................. E logo acordei Desse pesadelo Que me deixara O peito Esmagado. FOI ASSIM QUE VI Que tinha sonhado E que ela Já lá não estava, Ali, a meu lado. QUIS ADORMECER Para a encontrar Mas não consegui Sonhar que a via, Pôr os olhos nela, Chorar de alegria Porque descobri Na minha parede Aquela aguarela Que do sonho Passado Eu já conhecia: Era o rosto dela.

“O Retrato”. Detalhe.