RENÚNCIA
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “A Rua”. Original de minha autoria. Novembro de 2021.

“A Rua”. Jas. 11-2021
POEMA – “RENÚNCIA”
RENUNCIEI Para nunca A perder, Mas nesta Longa privação Vai declinando No tempo O que pra sempre Eu quis ter... VÊS, BERNARDO, Que destino, Que desassossego, O meu? Este que agora Te fala É outro, Já não sou eu. QUE DESENCONTRO Foi esse
Na rua
Da minha vida Desde o dia Em que a vi? Dei-lhe errados Sinais Nos momentos Cintilantes Que com ela Eu vivi? TALVEZ NEM AME Esta minha
Poesia
Porque senti-la É como um
Doce sofrer, É um canto De pesar
E é canto
De prazer,
É tudo
Em quase nada, É melodia De fada Mesmo quando Faz doer. NO POEMA Eu até finjo, É poeta Quem o diz, E mesmo Que sinta O que digo Nunca hei-de Ser feliz. O POEMA É como a vida, Posso ouvir A sua alma Em desejos Com palavras, É um modo De a ter, É remédio Que me salva De em solidão A perder. ESTE CANTO É, pois, meu, Nem ela Mo pode Roubar E se disserem Que é seu, É verdade... ............ De enganar. O VERSO É o meu beijo Nesse rosto Que perdi, É quente Como uma chama E resiste A quem lhe diz Que o poeta Não a ama Porque desenha As palavras Com um pedaço De giz. O AMOR Em poesia É parte nobre Do mundo, Sofrê-lo Como utopia É ir mais longe, É ir a fundo, Porque poeta
Que ama Não é pobre Vagabundo,
Mas luz
Que brilha
Na chama. NÃO GOSTO Desta renúncia, Não gosto, Mas que posso Eu fazer?
Se não cantar O que sinto É certo que A vou perder.