DUAS HORAS
Poema de João de Almeida Santos Ilustração: “Jardim” Original de minha autoria Janeiro de 2022

“Jardim”. Jas. 01-2022
POEMA – “DUAS HORAS”
OLHEI-TE NOS OLHOS, Eram negros, Intensos E tão profundos... Toquei teus cabelos Com o olhar, Caminhei a teu lado Nesse jardim, Senti o teu corpo Bem perto de mim A respirar O acre perfume Dessa ramagem Do vasto jasmim. INEBRIOU-ME Esse intenso Aroma Do belo jasmim E eu enredei-te Num tão doce enleio Que me parecia Nunca mais ter fim. BRILHARAM Pra mim Tão docemente Duas horas inteiras Esses teus olhos. E neles me perdi. ESTIVE NO CÉU Ao lado de deus E lá vi dois sóis Que não eram dele (Uma luz intensa) Porque eram teus. MAS O TEMPO Correu Depressa Demais. E é sempre assim. Todos os dias Se tornam iguais Quando tu partes E, em nostalgia, Eu fico no cais. VOLTEI A OLHAR-TE Três horas seguidas, Parecia verdade Mas era ilusão Porque tu partiste Deixando-me só... ............... E o que sobrou Foi a solidão. SUBIU A TRISTEZA A saudade irrompeu Colou-se-me Ao rosto... ............. E como doeu! SE EU NÃO TE VEJO Sinto Falta de ti, Mas se te encontro Logo te perco Porque o tempo Voa E logo te leva Pra longe dali. TER-TE DEMAIS Aumenta a saudade E quando te vais São negras As nuvens Da nossa cidade. AINDA QUE TRISTE Sinto-me feliz E com estas mãos Te vou escrevendo O que quero dizer, Mas este meu tempo Volta a correr E cresce a vontade De logo te ver Mesmo que saiba Que é nesse instante Que te vou perder. EU TENHO SAUDADES, Saudades de ti, Desse virar Da nossa esquina Na rua de sempre Onde eu te vi, Da nossa janela Donde espreitámos O que do mundo Sobrará para nós. EU JÁ NEM SEI Que hei-de fazer, Ter-te demais É puro prazer, Mas quando te vais Eu fico tão triste Que o brilho do sol Mais me parece Um anoitecer. OLHEI-TE NOS OLHOS, Era já saudade Da tua partida, Gravei-te na alma Pra melhor te ter Porque já sabia Que não regressavas A esse lugar Onde eu te vi E me encantou O brilho intenso Desse teu olhar Onde me perdi.