Poesia-Pintura

NEVE

Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “A Neve e a Primavera”.
Original de minha autoria.
Abril de 2022.
E uma bela canção de Milva, "Catarì", 
sobre Poema de Salvatore di Giacomo 
(Letra em napolitano e português, 
no fim do Poema). Link:
https://www.youtube.com/watch?v=8LOYOOPmBzI
Neve1

“A Neve e a Primavera”: Jas. 04-2022

POEMA – “NEVE”

SE ME PERGUNTASSES
PELA NEVE,
Que te
Responderia?
“Tenho-a pura
Na alma,
Sinto-a quente
Por dentro,
É vida,
É energia”.

ENTRA A NEVE
NA PRIMAVERA,
Cai suave 
Lá do alto
E alimenta-me
O jardim,
Rega-me fundo
A alma
(Sem sobressalto)
E entra, suave,
Em mim.

DELA CONSERVO
A brancura
Fria
Do manto
Que me ilumina
Por dentro,
Magia do seu
Encanto,
Beleza
Que me fascina
E celebro
No meu canto.

E QUANDO O INVERNO
Me deixa
Nascem cores e
Voam riscos,
Expandem-se
Mil perfumes
No sagrado do
Do meu chão,
Tudo brota 
Para mim
E em grande
Profusão
Na frescura 
Do jardim.

MAS EU PERMANEÇO
NA NEVE
E a neve fala-me
Assim:
"Corpo frio,
Alma quente,
Banho-te
Como rio
Que nasce
Dentro de mim
Pra que a arte
Germine
Como uma bela  
Semente
Que desponta
No jardim".

EXPLODEM OS MEUS
RISCOS
Em girândolas
De cor,
É festa
Na minha aldeia,
É intenso
O clamor,
Crepitam foguetes
No ar
E nós, felizes,
Gritamos: 
“Girândolas
Na nossa festa
Nunca nos hão-de
Faltar...”

SE ME PERGUNTARES
PELA NEVE
Eu ouço-te
A voz
Cá em cima,
Respiro ar
Da montanha
E respondo-te
Em rima,
Devolvo
Inspiração
Que da arte
É a vida,
Um poema
Ou canção
Que não é
De despedida,
Mas de feliz
Liberdade
Da palavra
Proibida.
Neve1Rec

“A Neve a a Primavera”. Detalhe

A LETRA DO POEMA DE SALVATORE DI GIACOMO:

"Marzo: nu poco chiove  
e n’ato ppoco stracqua:  
torna a chiovere, schiove,  
ride ’o sole cu ll’acqua. 
Mo nu cielo celeste,  
mo n’aria cupa e nera:  
mo d’ ’o vierno ’e tempeste,  
mo n’aria ’e primmavera.  
N’auciello freddigliuso  
aspetta ch’esce ’o sole:  
ncopp’ ’o tturreno nfuso  
suspireno ’e vviole...  
Catarì!… Che buo’cchiù?  
Ntienneme, core mio!  
Marzo, tu ’o ssaie, si’ tu, 
e st’auciello songo io".

"Março: um pouco chove
e logo deixa de chover: 
volta a chover, pára,  
ri o sol com a água.  
Ora um céu celeste,  
ora um ar escuro e negro:  
ora tempestades d’inverno,  
ora um ar de primavera.  
Um pássaro com frio  
Espera que espreite o sol:  
na terra ensopada suspiram as violetas...  
Catarina! Que queres mais?  
Entende-me, meu amor!  
Março, sabes, és tu,  
e aquele pássaro sou eu".

NOTA - "Marzo" (ou "Catarì"). 
“Arietta” (1898) do poeta 
napolitano Salvatore di Giacomo, 
1860-1934, em dialecto napolitano. 
Ouça MILVA em: 
https://www.youtube.com/watch?v=lMKDSnJEadc).

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