Poesia-Pintura

ENCANTAMENTO

Poema de João de Almeida Santos
Ilustração: “La Diseuse”
Original de minha autoria
Julho de 2022
LaDiseuse_07_2022Cor

“La Diseuse”. JAS. 07-2022

POEMA – “ENCANTAMENTO”

SÃO ECOS
Da tua alma
Estas cores
Intensas
Com que te
Pintas
E te revelas
Nestes dias
De tão incerto
Encantamento.

CONVIDAS-ME
A ler-te
Nas cores
Quentes
Com que
Teus olhos
E tua boca
Me convocam
E aguardas,
Expectante,
Que pinte
A tua alma
Com a devoção
De poeta
De alma 
Errante
E com palavras
Ambiguamente
Certeiras
Que saiam
Do fundo
Desta timidez
Em sobressalto
Que eu,
Inseguro,
Sinto
Cada vez que
 Te vejo
Lá no alto.

SÃO CASTANHOS
Os teus cabelos,
Mas a tua alma,
A que eu leio
Em teu rosto,
Está impressa
Como coroa
De cor
Efémera,
A das giestas
Floridas
Na primavera
Dos nossos
Fugazes
Reencontros.

A TUA BOCA
Sensual,
Lábios
Ao rubro,
Carnal,
Oferece-se
Ao beijo
Das minhas
Palavras
Nestes poemas
Lançados
Ao vento...

ÉS BELA
Como eles,
Estes dias
Do eterno retorno
Em que me
Deixas
Abraçar-te
Com palavras
De ousado
Desafio
No meu regresso
A ti,
Ó deusa
Tão ausente
Do meu viver.

MAS EU VEJO
No reencontro
Feliz
Uma leve
Tristeza
Que em teu
Rosto
Aflora
Em contido
Espanto,
Nessa hora
Em que te sinto
Quase como 
Choro
De não te ter.

É OLHAR
Que roga,
Boca suspensa
Da pergunta
Que não ousa
Sair sequer
Como murmúrio
De teus lábios...

AH, ENTÃO,
Pergunta,
Sim, pergunta,
Pra que eu
Te diga,
Cá de longe,
Sem hesitar,
As minhas
Certezas
Sobre ti
Sob o fascínio
Desse teu
Cintilante 
Olhar.

E DIR-TE-EI
Que os astros
(Sim, os astros)
Estão alinhados
Sobre nós,
Suspensos
De teus riscos e
Das minhas palavras,
Das nossas cores,
Dos sinais que,
Como sóis,
Iluminam,
Ardentes,
A nossa vereda
Tão estreita
Sobre o precipício
Fatal
Da arte.

POR ISSO,
Com o poema
Te seguirei
Mesmo que
Um dia
(Que nunca virá)
Se esfumem
No horizonte
As tuas cores
E te perca ali,
Na rua
Do desencontro,
Onde eu
Te conheci,
E meu rosto
Escureça
Sob as negras
Nuvens
Dos destinos
Não cumpridos.

MESMO ASSIM,
Continuarei
Em busca
Dos mil rostos
Da tua 
Metamorfose,
Essa que sinto
E pressinto
Como beleza
Oferecida
No teu olhar
Cintilante,
Na tua boca
Suspensa
De tanta
Incerteza
Nesse imenso mar
Onde se ouve
O canto
Das sereias.

PROCURAREI
Então,
Mais rostos,
Mais cor,
Mais riscos,
Com dor,
Usarei palavras,
Sinais,
Desenhar-te-ei
Cada vez mais,
Com meus poemas
Irei ao cais
Ao pé do rio
Saber se vais
À outra margem
Da nossa vida...
.............
Talvez cantar,
Nem sei
Que mais...

TANTO BRILHO
No teu olhar,
Ó deusa
Do meu destino,
Sempre a navegar...

LaDiseuse_16052022CorRec

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