O PAVÃO
Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Azul no Parque”.
Quadro n.º 1 (2021, 92x123;
não exposto) do
Catálogo da Exposição
“Luz na Montanha”,
aberta ao público até 25.09,
no Centro Cultural de Cascais.
Agosto de 2022.

“Azul no Parque”. Quadro n.º 1 (2021, 92×123; não exposto) do Catálogo da Exposição “Luz na Montanha”, aberta ao público até 25.09, no Centro Cultural de Cascais.
POEMA – “O PAVÃO”
FUI AO PARQUE Do Marechal Logo ao amanhecer (Melancolia De outono) À procura do pavão, Eram muitas As saudades... Já passara mais De um verão. ENCONTREI-O Por ali, Sozinho, Talvez triste Como eu, E vi nele, Ao caminhar, As cores Que sempre Invoco Neste incerto Vaguear. PORQUE É Tão belo O pavão? Soberbo Em sua pose, Captura-me Os sentidos Com a vertigem Da cor E logo sinto O poder Desse grande Sedutor. ALTANEIRO, O pavão Fascina-me O olhar Com a beleza Cativante Do solene Caminhar. O SEU PORTE Austero É grave E até quase Marcial, Celebra-se Como filho De arte Viva Sempre em pose Triunfal. SEGUI-O, Nesse dia, Parque fora, No silêncio Luminoso Da manhã... ............. Folhas caídas No chão Acolhiam O nostálgico Passeio Do poeta E do pavão... NESSE JARDIM De remota Evocação A beleza Despontava Em seu ritmo Natural, Passos lentos E medidos, Desenhados Em perfil, Pose austera, Altivez.... ............. Momentos De um ritual. CAMINHEI COM ELE Horas a fio, Lado a lado, Sem destino, Revendo As cores que Um dia Me emprestou Pra levar À tua arte (Em jogo De sedução) Fragmentos De arco-íris Que derramei No teu chão. JÁ NO ALTO De um muro, Oráculo, Arte pura, Aparição, Perguntei-lhe Qual a cor Da tua alma E ele mostrou-me Esse azul Tão luminoso Onde sempre Se esfumam Os traços Da tua mão... ........ E logo, E por encanto, Eu vi Espelhado O teu rosto Nas cores vivas Do pavão.