FUI CONTIGO PRA PASÁRGADA
Poema de João de Almeida Santos. Recriação do diálogo com o poeta brasileiro e nordestino Manuel Bandeira (Poemas: “Vou-me embora pra Pasárgada” e “Brisa”), quatro anos depois da primeira publicação, em Novembro de 2018. Ilustração: “Pasárgada II”. Original de minha autoria (119×119, c/mold., 2022). Outubro de 2022.

“Pasárgada II”. JAS, 2022 (119×119).
POEMA – “FUI CONTIGO PRA PASÁRGADA”
FUI CONTIGO Pra Pasárgada, Para o teu mundo, Irmão, Eu não me sentia Livre, Faltava Inspiração Porque a brisa Do nordeste Ficou lá No Maranhão. NÃO TENHAS, Manel, Saudades, Nostalgia do futuro, Temos passado Que baste E foi, sim, Foi muito duro. FUI CONTIGO Pra Pasárgada, Não quis Ficar por aqui Porque a brisa Do nordeste Não passou Do Piauí. PRA PASÁRGADA Eu quis ir, Prà terra da Liberdade, Por aqui Já me faltavam As cores vivas Da verdade. EU GOSTO DE TI, Ó poeta Do reino Da utopia, O teu tempo É o futuro e Lá se faz Poesia, Se pinta, Se canta E se dança Porque o ar É do mais puro E cheira A maresia. NÃO GOSTAVA D’estar aqui, O ruído Era demais, Esta terra Já não servia E lá partimos Do cais... FUI CONTIGO No teu barco, À procura De mar calmo, Céu sereno E tudo o mais, Navegando No azul, Peixes voando No mar, No horizonte Uma ilha, Mulheres lindas A acenar... EM PASÁRGADA Fui feliz Cantei e Dancei Até alta Madrugada, O corpo Deixava-se ir Com alma Apaixonada Em regaço De mulher E ao ritmo De balada. POR AQUI Era grande O ruído, Com armas A crepitar, Matavam poemas Com gritos, Já não se podia Cantar... FUI CONTIGO Pra Pasárgada, Meu mestre De poesia, Lá cantei Os teus poemas Fosse noite Ou fosse dia... AGORA QUERO Ficar, A esperança regressou, Quero contigo Cantar O que o vento Me levou. MAS NÃO SEI Se o vento traz Céu sereno Às canções, Por isso contigo Rezo Minhas pobres Orações Pra que a brisa Chegue aqui E não fique Lá retida Nas terras do Piauí.