O VÉU
Poema de João de Almeida Santos Ilustração: “Musa”. Composição minha sobre desenho de Gustav Klimt (1885, Zwei Studien einer jungen Frau). Novembro de 2022.

“Musa”. JAS. 11-2022
POEMA – “O VÉU”
FOI UM RAIO Fulminante, Havia sombras No Céu, Atingiu-me Nesse instante, Fiquei preso A um Véu Invisível Ao olhar, Feito de Seda fina Que ninguém Pode rasgar. UM CLARÃO Foi o que vi Lá bem no alto Do céu, Temi que fosse Castigo, Pois a terra Até tremeu, Mas era de seda O abrigo, Refúgio Que era só meu. NESSE INSTANTE Te inventei, Julgando saber O que queria, Esculpir-me A teu lado Nesse véu Onde vivia. COBRIA Todo o meu corpo Era prisão Que não via, Feito de fios De seda, O véu Era o que Sempre sentia. FOI INTENSO O momento Em que inventei O caminho, Fui levado Pelo vento Pra não me sentir Sozinho. COMO ERA MACIO O véu, Desenhava Os movimentos E quando olhava O céu Voava Por uns momentos E então eu lá subia Para ver Se te alcançava, Mas de tanto Te olhar Já nem o céu Me chegava... FOI DESSE CLARÃO Que saiu O meu encanto De vida Que resiste Às tempestades Como a paixão Proibida. E ASSIM EU VOU Tecendo A malha do Meu viver, Vivo em exaltação Simplesmente Por te querer.