MARMELADA
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “ A Dança da Combustão”. Original de minha autoria. Março de 2023.

“A Dança da Combustão”. JAS. 03-2023
POEMA – “MARMELADA”
COMO GOSTO Da tua marmelada, Doce e acre Como tu, Sintonia No sabor Que me embriaga Os sentidos Como seiva Do teu corpo. GOSTO DA METAFÍSICA De confeitaria Porque me adoça A alma, Excelsos Sabores Produzidos Com magia Nas tuas tardes De calma... SOU GULOSO, Como sabes, E como é doce E macia Esta tua Marmelada, Sinto-a Como alquimia, Como pura arte De fada. COMO, COMO, Sem parar, Sabe-me sempre Ao brilho Desses teus olhos, À espuma branca Do mar, Ao perfume Do teu corpo, Onde hei-de Naufragar. NESTA TUA Marmelada, Eu vejo-te Artesanal, Com os marmelos Nas mãos, Sabores Em harmonia, Receita conventual, Polpa moldada Por ti Com segura Maestria Na dança Da combustão, Cor intensa, Iguaria De frutos Abençoados Em doce Composição. TALVEZ A TENHAS Criado Em tempo De quietude Ou mesmo de Solidão (Que às vezes É virtude), Quando esvaece Esse lado Mais agreste E mais crispado Que te oculta A beleza Dos momentos De paixão. AH, ESSA TUA Marmelada É leve, É pura, Há pássaros Que te voam Na alma, Que dançam no Calor da Combustão, Um bailado Divinal Com frutos De perdição. VAI FICAR-ME Sempre vivo O sabor Por ti criado, Carícia Da fantasia, Dádiva, Prazer, Harmonia, Quase pecado, A vida Como reino Da magia Por deuses Iluminado.
