Poesia-Pintura

AS BAGAS E O AZEVINHO

Poema de João de Almeida Santos
Ilustração: “Bagas no Jardim”
Original de minha autoria
Junho de 2024
Pasárgada2024Corte2805

“Bagas no Jardim”. JAS. 06-2024

POEMA – “AS BAGAS E O AZEVINHO”

AO RAIAR
De um belo dia
Vi cinco rosas
Vermelhas
Num canto
Do meu jardim,
Mas também vi
Um azevinho
Sem bagas,
Pobrezinho,
Sem vermelho
Carmesim.

VI TAMBÉM
Esse loureiro
Que tenho
Lá no Jardim,
Arbusto muito
Frondoso
Com fortes
Raízes em mim.

VI A DEUSA
Desnudada
Por entre verde
Folhagem,
Vi as uvas
Da latada,
Marufo
E cardinal,
Vi cores,
Senti aromas
Nesse jardim
Matinal.

MAS NÃO TINHA
Bagas,
O azevinho,
Vermelhas,
Cor do meu sangue,
Estava ali
Tão sozinho,
Melancólico,
Exangue!

O LOUREIRO
Estava triste
Por não ter bagas
A fazer-lhe
Companhia
E por isso
Sugeriu-me
Que lhe fizesse
Um enxerto
Pra lhe dar cor,
Alegria.

ESTAVA TRISTE
Também eu
Por bagas
Que não havia,
Enxerto
Que não servia
 Pra dar cor
Ao azevinho,
O rubor
Do carmesim...
................
Então,tornei-me
Pintor
Do que não tinha
O jardim.

PINTEI-O
Com mil bagas
Pra consolar
O poeta
Mas também
O seu loureiro...
................
Não as tinha,
O azevinho,
Passou a tê-las
O seu novo
Companheiro.

FEZ-SE PINTOR
O poeta
Para dar ao seu
Jardim
O que não tinha
Ou perdeu,
Pôs bagas
No azevinho
E o loureiro
Agradeceu.

Pasárgada2024Corte2805Rec