Poesia-Pintura

“SOU O QUE SOU”

Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Fantasia de Poeta”. 
Original de minha
autoria para este poema.
Novembro de 2019.
OPoeta0311

Fantasia de Poeta. Jas. 11-2019

O POEMA – “SOU O QUE SOU”

EU SOU
O que sou,
Poeta
Pra te cantar
Mesmo que tu
Já não ouças
O pranto da minha
Voz
De tantas vezes
Chorar...

EU SOU
O que sou
Porque tu és
Em mim
Sempre mais
Do que pensas
Poder ser,
Uma deusa,
Uma musa
No jardim
Que m’inspira
Para de ti
Renascer...

BEM SEI
Que hoje
Me pintei
De poeta
Para duas vezes
Te ver
E duas
Te encontrar
Nos versos
Que já clamam
Por de novo
Te cantar.

SIM, TU ÉS
Musa
Dos versos
Perdidos,
Dos versos 
Cantados
Neste deserto
Interior
Da eterna
Despedida...

NÃO IMPORTA
O que pensem,
Como te vejo
Ou te canto
Porque serei
Sempre movido
Pela força
Do encanto.

ENCONTREI-TE
Sem procurar
O destino
Que te trouxe,
O mesmo
Que te levou...
.................
Cruzámo-nos
Nesse caminho
E, agora,
É por ele
Que sempre vou.

O VENTO SOPROU
Forte
Em nós
E voámos,
Voámos
No céu azul
Com as asas
Do desejo
Até cairmos
Do céu
Quando veio
A tempestade
E o vento
Nos deixou...

ACORDEI
Numa árvore
Frondosa,
Olhei em redor...
...Não te vi!

DESDE ENTÃO SOU
O que sou,
Aquele que
Caiu das nuvens
E, sozinho,
Acordou
Na copa
De uma árvore
Onde pra sempre
Ficou.

POR LÁ FIQUEI,
Sim,
A olhar o azul
Do céu
Perscrutando
O horizonte
Para ver
Se lá te via,
Fosse tarde,
Fosse manhã,
Fosse noite
Ou fosse dia.

É A ÁRVORE
Onde vivo,
A minha casa
Discreta
De onde
Só te vislumbro
Como simples
Silhueta...

TORNOU-SE
Meu cativeiro,
Onde vivo
E te procuro
(Fantasia
De poeta)
Lá no fundo
Da memória
Pra me tornar
Teu profeta....

CERTOS DIAS,
Na memória
Ganho asas
E logo voo pra ti
Sem sair
De onde estou...
................
Perdi-te,
Já não te alcanço,
Já nem sei
Por onde vou...

TRAÇA-ME TU
O caminho,
Pra chegar
Ao pé de ti,
Tenho palavras
Que cheguem,
Foi com elas
Que cresci
E com elas
Eu voei
Na linha do
Horizonte
Quando um dia
Te encontrei
No sagrado
Do meu Monte.
OPoeta0311Rec

Fantasia de Poeta. Detalhe.

Poesia-Pintura

O TEU CORPO

Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração - “S/Título”- de minha autoria
sobre quadro anónimo (fotografia de mulher
em contraluz) da minha colecção privada.
Outubro de 2019
Mulher2110_2

S/Título. Jas. 10-2019

POEMA – “O TEU CORPO”

HÁ POESIA
No teu corpo,
Geometria
Sensual
Que te desenha
No espaço,
Como te contas
Sem palavras,
Contraponto
Luminoso
Da minha melodia...

HÁ MÚSICA
Em ti,
Pauta
De beleza 
Que ondula,
Instável,
Entre riscos
E cores,
Desenhando
Enigmas
Que só o poema
Pode decifrar...

TENS A ALMA
Inscrita
Nas formas
Do teu corpo,
Como eu a tenho
Nas palavras
Que lanço
Ao vento
À procura
Da tua utopia...

E VEJO-TE
Como letra
Da canção
Que vou cantando
Na minha subida
Ao monte,
Quando o vale
Já não me chega
E nem tu chegas,
Afinal,
Pois partiste
Em busca
Dos palcos
Da tua vida...

MAS EU RESPIRO-TE
Ao ritmo
De uma dança
Com o poema
Que canto,
Palco de beleza
Onde te enredo
A alma
Em teia
Que prende
E te liberta...

PROCURO-TE
Na pintura,
Fixo-te
Para te cantar
Quando a noite
Cai sobre mim
E mergulho
Na solidão
Do silêncio
Com que,
De longe,
Me falas.

E SONHO-TE
Num bailado
A solo,
Dançando,
Dançando,
Ao luar,
Na praia
Da meia-lua
Para que eu
Te volte a cantar
Em poemas
Ao ritmo
Com que te
Vais desenhando
Nas telas
Coloridas
Do teu acontecer.

E, NO FIM,
ROGO-TE
Que não pares
O teu silencioso
E longínquo
Bailado
Solitário
Até que eu te
Desenhe
Em palavras
Luminosas
Para que nelas
Te revejas
Como se fossem
O espelho
Encantado
Da tua alma...

QUE FAZES
Da tua vida,
Meu amor?
S:TítuloPublicadoRec

S/Título. Detalhe.

Poesia

COMO TE QUERO...




POEMA de João de Almeida Santos.                    Gustav Klimt - Two studies to a young woman sitting on a tablenDeutsch Zwe - (MeisterDrucke-351787)

Ilustração: “SEDUÇÃO”. 

Composição de minha autoria a partir 
de um estudo de Gustav Klimt. 

- "Dois estudos de uma jovem mulher", 1885. 
JASKlimtFinal1410Fim3

“Sedução”. Jas. 10-2019

POEMA – “COMO TE QUERO…”

PEDI EMPRESTADO
Ao pintor
Este rosto
De onde vejo
A cor
Velada
Da tua alma...

ENIGMÁTICO
OLHAR
Que me perscruta
E fascina,
Beleza etérea,
Divina!

OS TRAÇOS
DELICADOS 
Que o desenham
E a leveza
Das vestes
Que velam 
E desvelam
O corpo
De pele macia
Que me cativa
O desejo...
..............
Seduzem-me!

E FICA-ME 
ESTE ROSTO
Solitário
Na galeria poética
Da minha vida
Onde te versejo
Mil vezes
À procura
De um amanhecer
Que nunca chega...

PARA TI DIRIGI
O meu olhar
Através de um espelho,
A obra de arte,
Vi leveza,
Beleza intangível
E ouvi silêncio
Profundo
Envolto
Por uma densa
Neblina
Que nunca se dissipa!

E ENTÃO RECRIEI-TE,
Com a ajuda
Do pintor,
Tal como
Te desejo,
Na fronteira,
Sempre no limiar
Do impossível,
Na distância
Que o destino
Nos traçou
E nos compassos
Do silêncio
A que a deusa
Nos votou.

SE TE ENCONTRAR
De novo
Só saberei ver-te
A partir
Deste fino rosto,
Memória de ti,
Numa tela
Cantada por mim.

E ENTÃO REGRESSO
Às tuas cores
Para com elas
Te desenhar
De novo
Com o pincel mágico
Do pintor
Que eu amo
Em ti.
JASKlimtFinal1410Fim3Rec

“Sedução”. Detalhe.

Poesia

JASMIM

Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Rapsódia”.
Original de minha autoria.
Outubro de 2019.
JAS_RapsódiaFinal

“Rapsódia”. Jas. 06-2018

POEMA – “JASMIM”

FLORESCEU O JASMIM,
Dele jorra Poesia,
Embriaga,
O aroma,
Liberta-se
A fantasia!

DOU ÀS PALAVRAS
A COR,
O seu perfume
Ilumina,
Bate o sol
Nas suas pétalas,
É luz intensa
Que brilha
No poema que
Germina...

JÁ NÃO É SÓ
O LOUREIRO,
Agora canto
O jasmim,
É tão vivo
O seu perfume
Que se renova
Em mim.

INUNDO-ME
DE PALAVRAS,
Canto
Este mundo
Da cor,
Subo ao céu
E penso em ti,
Levo comigo
Essa dor...

SOU ÍCARO
Lá no alto
E quando o sol
Me bate forte
Caio em mim
Do meu poema
E no chão
Fico sem norte...

PEÇO AJUDA
À MONTANHA,
Volto a subir
Com alegria,
Lá no alto
Vou renascer,
Regressar à
À poesia...

E ENCONTRO
O MEU JASMIM
Mesmo ao lado do
Loureiro,
Respiro fundo
O aroma
E torno-me
Jardineiro!

E ASSIM EU VOU
VIVENDO
No jardim da
Minha vida
Em poemas
E pintura...
.............
E se a dor
Não tem remédio
Que seja esta
A cura!
JAS_RapsódiaFinalR

“Rapsódia”. Detalhe.

Poesia

ENCONTRO

Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Silhueta”.
Original de minha autoria
para este poema. Outubro, 2019.
Silhueta06

“Silhueta”. Jas. 10-2019

POEMA  – “ENCONTRO”

OS ASTROS
ALINHARAM-SE
Uma só vez,
Passados anos
De aridez
Que roubou
Tempo
De fantasia,
Luz
À vida,
Lentamente,
Cada dia...

ENCONTREI-TE
Sem querer...
..................
Astros ou destino,
Quero lá saber...
Que bela
Esta forma
Tão singela
De te ver!

ABANDONEI-ME
Ao destino,
Chegou o acaso,
Vi-te estranha
Ao olhar
De tão tardio
Encontro
 Com a fita
Da memória
A rolar
Em moviola.

ERA INCERTA
A TUA IMAGEM,
O olhar
Embaciado,
Um arco-íris
Descera
Com o sol
Dessa manhã,
Gotículas
Brilhantes
Como lágrimas
De alegria...

FICOU-ME
A alma cheia,
A transbordar
(Ficou),
Mas o vazio
Também logo
Regressou.
Mais do mesmo,
Como antes,
Um desencontro
Sem fim...
...............
E o ânimo
Quebrou.

VISLUMBREI-TE
Perto do meu
Destino,
Raptou-me
O acaso
A incerta silhueta
Que não pude
Desenhar
No meu campo
De visão
Como se fosse
Castigo
Por insólita
Paixão.

AQUI ESTOU EU
Devolvido
À solidão,
Novas saudades
De ti,
Um poema
Em gestação...

SÓ ASSIM EU SEI
Falar,
Fico incerto
Se te vejo,
Troco o passo
A cada instante,
Hesito nesse
Momento,
Finjo aquilo
Que não sinto
E, por fim,
Fico tão-só
Amante da poesia
Que me dá o que
Não tenho...
...............
Uma réstia
De alegria.

OS ASTROS
ALINHARAM-SE
Pra te voltar
A perder,
Dois minutos,
Um sorriso...
................
Chegou cedo
Este novo
Entardecer!
Silhueta0610R

“Silhueta”. Detalhe.