ANOITECEU…
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Uma Janela no Jardim”. Original de minha autoria para este poema. Fevereiro de 2019.

“Uma Janela no Jardim”. Jas. 02-2019
POEMA – “ANOITECEU…”
É DAQUI QUE EU Te vejo, Ao luar, Sempre que me Anoitece Na vida. UMA JANELA, Solidão, Luz coada na Vidraça Onde pressinto Que te dás, Velada, Ao meu olhar Interior, Tão discreto Como a noite Que me cai Fundo Na alma! TENHO A MEU LADO Uma flor, Uma rosa Iluminada... A que o destino Me deu Por companhia, Irrompendo, Noite escura, Como vela Que perece Pra m’iluminar O caminho... SIM, ANOITECE Nas nossas vidas, Em todas, Bem sei, E também eu já Não te vejo Nem te ouço Ao entardecer, Porque passou Tempo demais... SE AINDA TE PRESSINTO Em tão ténues Sinais Que me chegam Aos sentidos É porque tu Já não me sais Da memória Onde sempre Te visito... MAS AGORA, JÁ SOBE, Sim, sobe, Suave e Subtil, Um perfume No Jardim, Aroma doce, Anúncio de Florescência A despontar Nua, Como eu, Para o que Um dia Haverá de Germinar... A JANELA ACENDE-SE Com esplendor! Luzes, Brilho intenso, Cores Em catadupa, Talvez uma nova Vida Possa ainda Renascer No meu jardim... ............... Simples, Como uma flor. A ROSA E A MAGNÓLIA Ganham luz, As pétalas quase Gritam Aos sentidos E anunciam-te, Imprevista Alegria, Cor da minha alma, Aroma intenso, Brilho profundo... .................... E tu renasces, Bela como sempre, Quando o véu Te cobre o rosto Macio, Sem marcas De vida sofrida, Beleza de perdição Que devolve, Como sopro, Encanto À minha vida E reparo à Solidão. OLHO A JANELA De longe E um perfume De rosa Desprende-se, Denso, A meu lado, Inebriante... .................... E incendeia-me A alma No mágico Anoitecer... ANOITECEU, SIM, MEU AMOR... ............... Mas à noite Segue-se, Sempre, Implacável E silenciosa, A madrugada E eu desperto Do torpor De um desperdiçado Amor Para renascer De novo Deste lado Como flor Que desponta, Ao relento, No jardim Da minha vida!