Poesia-Pintura

 

ENCONTRO NO JARDIM

Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração – “Cai a Noite no Jardim”.
Original de minha autoria
para este poema. Junho de 2020.
Anoiteceu2806FinalBrilho

“Cai a Noite no Jardim”. Jas. 06-2020.

POEMA – “ENCONTRO NO JARDIM…”

CAI A NOITE
No jardim
E já nem sei
Se amanheces
Dentro de mim.
Sobras-me
Em incerteza
Nos sonhos
Breves
Em que te encontro
Como se fosse
Eterna
Esta nossa despedida,
A versão já repetida
De um desencontro
Sem fim.

MAS À NOITE
O teu perfume
É mais intenso
No meu Jardim
Encantado,
O silêncio
Mais profundo,
Ouço mais
A tua voz
Cristalina
Ecoar
Na minha alma,
 Vejo o brilho
De teus olhos
Ausentes
Acender magnólias
Brancas
E sinto o vermelho
Das rosas
Incendiar-me
O corpo.

MAS ANOITECE,
Meu amor,
Ah, como anoitece,
Vai-se o sol
E a vibração dos sentidos,
Recomeça a viagem
Para dentro de mim,
Invoco-te
Com a alma
E trago-te
Como pétala às minhas
Palavras,
Olho-te por dentro
Quando a melancolia
Toma conta de mim
Neste cíclico
Anoitecer.

VOU AGORA A CAMINHO
Da noite,
Do sonho,
Do imaginário
Que entra sem pedir
Licença
E me arrasta
Na corrente
Onírica para um
Incerto destino
Onde não sei
Se habitas.

E O AMANHECER
É sempre imprevisível,
As ondas de luz que
Chegam com o sol
Ameaçam
As cores suaves
E quentes
Com que te
Sonho e te pinto
Na minha alma
Nas noites
De luar.

CAI A NOITE NO JARDIM
E anoitece-me
Na alma,
Meu amor!
Anoiteceu2806FinalRec

“Cai a Noite no Jardim”. Detalhe.

Poesia-Pintura

CASTA DIVA

Poema de João de Almeida Santos
Ilustração: “S/Título”.
Original de minha autoria
para este poema. Junho de 2020

RufetewomanCOR

“S/Título”. Jas. 06-2020.

POEMA – “CASTA DIVA”

SONHEI-TE
Nesta noite de Verão.
Eras casta.
Podias ser
Casta Diva.
Ou não.
Casta, sim,
De onde nasce
O meu vinho,
Milagre
Da natureza,
Sob forma de
Mulher,
Mas serás
Diva também
Se ao poema
Te trouxer.

SONHO-TE
Muitas vezes,
Voo contigo
À procura
Do passado,
Mas nunca eu
Te sonhei
Como casta
Em pecado,
Trepando,
Pela latada,
No meu
Jardim
Encantado.

AH, A LATADA,
Essa sim,
Que um dia
Trepou por ti
Pernada acima
Nesse enlace
Fatal
Onde me nasceu
A rima,
O canto
Que te invoca
Quando me torno
Jogral.

AGORA SONHO-TE
ASSIM,
Mulher-Rufete,
Crescendo
Bem alto
Nas terras
Do meu Jardim...
.................
As voltas que
O mundo dá,
Neste recanto
Encantado
Com aroma
Perfumado
Da ramagem do
Jasmim.

CRESCES-ME
Na alma
Sob a forma de
Enlace,
Mas se agora
És videira
E ontem eras
Jasmim,
Amanhã
Serás arbusto
Mesmo que eu
O não queira
Por seres diva
Para mim.

RufetewomanCORRec

“S/Título”. Detalhe.

Poesia-Pintura

ENTRALAÇA NO MILECO

Poema meta-semântico 
de João de Almeida Santos,
inspirado em Fosco Maraini
e em “Il Lonfo”.
Ilustração: “O Poeta Pós-Semântico”.
Original de minha autoria.
Junho de 2020.
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“O Poeta Pós-Semântico”. Jas. 06-2020.

POEMA – ENTRALAÇA NO MILECO

ENTRALAÇA NO MILECO
O amante introfulado,
É triste o seu olhaco,
Chora lambrolhas
Caídas,
É salustre remolhado
Com carpetas
Retolhidas.

VÍRULA A ANTASIA
Pró lazul do seletaco,
Frassinol de matazia
Quem souber
Do samataco
Que dê voz à atropia.

BIRLA OU SACRÍPOLA?
Lassimodo, pilissul,
Rodo e prandicol,
Vassatu cripandolá
De seu longo
Pirandol.

JOSSÍMULO DO VALANDAL
Valha-me o sacripel
Do símilo ou purandul,
Andaril do pitirol
E sabor d'olandroal...

AH, CRASSIMAL,
Oh, farul do viandel,
Sacrista do sicriló,
Pitirá do bessamel?
Quilosá, ó purissol?
Jas_AutoR210719.2020PPospsdRec

“O Poeta Pós-Semântico”. Detalhe.

Poesia-Pintura

A EROSÃO DO TEMPO

Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Entardece no Jardim”.
Original de minha autoria
para este poema. Junho de 2020.
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“Entardece no Jardim”. Jas. 06- 2020.

POEMA – “A EROSÃO DO TEMPO”

ENTARDECE NO JARDIM,
Entrevejo-te
Por entre folhas
De um arbusto,
Ao longe,
Uma imagem
Desfocada...
...............
O sol cai
No horizonte,
Vejo, apenas,
Um perfil
Esfumado,
Nuvem cinzenta
Arrastada
Pelo vento
Para lá desta
Montanha,
Meu alento,
Minha fada.

VIRO-ME
Para dentro
De mim
E o meu olhar
Interior
Confunde-se
Com o teu
E já nem sei
Se és tu
Ou se essa imagem
Um pouco baça
Serei eu.

O TEMPO
Esculpe o rosto
Na memória
Dos afectos
E só vejo
O que de ti
Me sobrou,
Retrato
De pouca cor
Composto
Ao ritmo
De suspiros...
............
E tanta dor.

NÃO FOSSE A POESIA
E restarias
Nuvem no céu
Entre o azul
E o branco
Desta minha
Fantasia,
Ponte espectral
Entre mim
E a deusa que
M’ilumina
Por dentro e
Por fora,
Um clarão irreal
Que cega
E me comove...
...............
Como quem chora.

AH, MAS O POEMA
Dá-te vida,
Dá-te luz
E dá-te cor,
Enche-te a alma
De emoção,
Interpela
Todo o teu ser
E rompe
Este minha
Tão sofrida
Solidão.

MAS EU TEMO
Encontrar-te
E já não saber
Quem tu és
Por há muito
Navegar
Outras ondas
E marés
Tão longe
Desse teu mar...
JardimJAS1406_2 - cópia

“Entardece no Jardim”. Detalhe.

Poesia-Pintura

A REINVENÇÃO DO TEMPO

Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “A lua desceu sobre mim”.
Original de minha autoria
para este poema. Junho de 2020.

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“A lua desceu sobre mim”. Jas. 06-2020.

POEMA – “A REINVENÇÃO DO TEMPO”

FOI INESPERADA
A descida
Ao vale
Profundo
Da tua vida,
Reencontro
Com o destino
Que os deuses
Te traçaram,
Numa longa
Despedida.

TRILHOS NOVOS,
Fim do ciclo
Que corroía
E já tardava...
..............
Porque doía.

UM RÁPIDO
Bater de asas
Aos ventos que
Sopravam e
Incendiavam
O teu desejo
De liberdade...
...............
E o tempo
Da reinvenção
Aconteceu
Na outra metade
De ti.

OS CICLOS
Que a vida tem...
..................
De repente,
Assomam
Personagens
Que nos habitam
E aguardam
Em silêncio
O dobrar de uma
Esquina
Para tomarem
Conta de nós...

É A VIDA
Em sobressalto,
Renascida,
Ventos que sopram
Forte na alma,
Perfume de liberdade
Que docemente
Embriaga,
O sorriso inocente
Da criança que
Desperta
Para dar vida
Às coisas inanimadas
Que nos prendem
O olhar...
.............
Num luminoso 
Amanhecer.

PRESSENTI
Essa viagem,
A partida
Do túnel
Ensombrado
Do tempo,
Sem bagagens,
Apenas o teu corpo
E a vontade
De trepar pelo
Mundo acima
Como quem
Já o respira
Lá no alto
Da montanha.

E LOGO TE DISSE:
“Nasce outro
Personagem
Em ti
Que já se manifesta
À procura de autor
Que lhe reescreva
O destino
E o ponha em cena
No teatro 
Da tua vida...”

“VEM DAÍ, VEM,
Que a vida acontece
No grande teatro
Do mundo
Onde se viaja ao sabor
Do vento
E da fantasia
Em levitação
Sobre o vale
De onde se vê
A vida
Do lado certo
Do sonho.”

“E TU, QUE PAGASTE
O teu tributo,
Abraça a autoria
E procura esse palco
Onde encenar
A reinvenção do
Tempo
Com fantasia,
A que nasce  
Da liberdade
Que ilumina
O caminho,
A bússola 
Que já te guia.”

VÁ, VEM DAÍ,
Há muito 
Caminho para andar,
Há azul 
No horizonte
E brilho 
No teu luar,
Há sol 
Na madrugada,
Suave brisa 
No ar,
Há flores 
No teu jardim,
Água fresca 
Pra regar,
Há mais mundo
Que te espera
E uma vida
Para amar...
...............
Vem daí, vem, 
Meu amor,
Já nem sei
Como esperar!

JAS2AluaDesceuSobreMimRec

“A lua desceu sobre mim”. Detalhe.